30 de janeiro de 2011

Hipólito da Costa e o Correio Braziliense


Hipólito da Costa e o Correio Braziliense

Hipólito da Costa nasceu em 1774 na Colônia de Sacramento, povoamento português no Rio de la Plata que se tornou território do Uruguai. Sua vida relaciona-se fundamentalmente com o desenvolvimento dos primórdios da imprensa no Brasil. Foi ele o idealizador do Correio Brazilienze, ou Armazém Literário, considerado o primeiro jornal brasileiro com grande circulação. Já havia algumas gazetas circulando no país antes do surgimento do Correio, porém, estas publicações eram feitas pela Corte Portuguesa e só atendiam os interesses da realeza.

O periódico era publicado em Londres e existiu entre o período de junho de 1808 a dezembro de 1822. Por ser feito na Inglaterra, chegava ao Brasil por via marítima e com 45 a 90 dias de atraso, começando a circular na então colônia portuguesa em setembro de 1808. O conteúdo do jornal variava entre 72 e 140 páginas (alguns ultrapassavam 200) e era dividido entre as seguintes editorias: Política, comércio e artes, literatura e ciência; e miscelânea – categoria que continha a seções de correspondências e reflexões. A linha editorial era opinativa, com ênfase no debate público. Colocava em evidência a questão da emancipação colonial e denunciava a corrupção, o que desagradou a Corte Portuguesa e as autoridades.

Hipólito, que já havia sido perseguido pelo Tribunal do Santo Ofício por acusação de disseminar ideias maçônicas na Europa, teve seu jornal formalmente proibido no Brasil e em Portugal. Um de seus maiores inimigos foi Joaquim de Santo Agostinho, que publicou anonimamente o livro: “Reflexões sobre o Correio Braziliense”, onde analisou todos os artigos de 1809 a 1810, repudiando a publicação. Outro inimigo de Hipólito era Bernardo José de Abrantes e Castro, embaixador de Portugal em Londres que chamou o Correio Braziliense de “terrível invenção de um jornal português na Inglaterra”. Bernardo ainda publicou o “O Investigador”, jornal contra Hipólito.

Com a proibição e as reações contrárias ao Correio Brazilienze, sua popularidade aumentou e deu início a um contrabando em larga escala. O jornal começou a ser lido por todos, inclusive pela Corte Portuguesa. Alguns historiadores indicam que o jornal era patrocinado pela Corte Portuguesa, visto que não havia ataques pessoais diretos ao Rei. Já outros apontam o governo inglês como seu principal financiador.

Talvez por ter pertencido a uma época dominada pela crise, onde impérios ruíam e nações se reerguiam, o jornal tenha tido tanta importância. Nota-se em suas páginas, as tensões e incertezas de uma época de instabilidade e transformações expressivas. Outro fator importante é sua associação ao processo de independência brasileiro, apesar de apenas as últimas edições apoiarem a separação de Portugal. Além da relevância histórica, há, sem dúvida, seu valor documental e crítico, pois seu redator não apenas registrava os acontecimentos de forma imparcial e objetiva, mas assumia posições, influindo nas mudanças políticas e na opinião pública.

Sobre Hipólito da Costa:

Hipólito da Costa era Filho de um militar, o alferes Felix José da Costa Furtado de Mendonça. Ele era o primogênito e tinha dois irmãos: Felício Joaquim, que foi padre, e José Saturnino, que chegou a ser Senador do Império. Seu nome completo era Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça.
Passou a infância entre criadores e lavradores, nos campos do sul. Teve um tio, Padre Mesquita, que lhe ministrou os primeiros ensinamentos, inclusive noções de latim.
Indo estudar em Portugal, inscreveu-se em três cursos superiores na Universidade de Coimbra, onde se formou em Filosofia, aos 22 anos; em Direito, aos 23 anos, e em Letras, aos 24 anos.
Faleceu em 1823, não chegou a saber que fora nomeado cônsul do Império do Brasil em Londres. No Brasil é considerado o patrono da imprensa. Em Porto Alegre foi homenageado emprestando seu nome ao Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa. Estava sepultado em St. Mary the Virgin, em Hurley, condado de Berkshire; mas em 2001 seus restos mortais foram trasladados para Brasília. Atualmente estão nos Jardins do Museu da Imprensa Nacional.

Fontes:

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