31 de maio de 2012

Descobrimos o pai do novo Cirilo!

FILHÃO!!!!!! VEM COM O PAPAI!!!
PAPAI!!! DEIXA QUE DIGAM QUE PENSEM QUE FALEM!!!

Mensagem subliminar na novela CARROSSEL!!!






C I R I L O: Invertendo as letras: C R I O L O
Seria isso uma mensagem subliminar das mais revoltosas ou pura coincidência?

Katsushika Hokusai - Gosta de mangá? Então leia!


Não se sabe ao certo qual foi o mês de nascimento de Katsushika Hokusai. Provavelmente, o artista japonês tenha nascido em outubro ou novembro do ano de 1760 na cidade de Edo, atualmente Tókio. Hokusai ficou conhecido pelo estilo ukiyo-e, tipo de pintura similar à xilogravura japonesa do período Edo (1603-1867).
A obra mais conhecida de Hokusai é uma série de xilogravuras chamada “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji”, da qual faz parte a obra que lhe deu reconhecimento internacional, “A Grande Onda de Kanagawa”, que retrata uma enorme onda ameaçando a embarcação de pescadores.

Apesar de todas as obras da série terem sua importância, foi com a produção de “A Grande Onda” que Hokusai ganhou prestígio, deixando uma marca duradoura no meio artístico, tanto no oriente como em outras partes do mundo.

Outro trabalho conhecido de Hokusai  chama-se “Hokusai Manga”, onde é retratado um estudo sobre movimentos e expressões. O termo manga, utilizado atualmente para histórias em quadrinhos japonesas, era utilizado de outra forma na época, era uma maneira de representar a realidade por meio de caricaturas.

“Entre os temas preferidos de ‘Hokusai Manga’, destacavam-se: a vida urbana, as classes sociais, a natureza fantástica e a personificação dos animais. Tudo isso acompanhado de desenhos de forma caricatural. Ele tinha preferência por pessoas muito gordas ou muito magras, narizes longos e fantasmas. Seu maior legado foi um manual de instrução da arte de desenhar”, explica a pesquisadora Sonia Maria Bibe Luyten no livro “Mangá: O poder dos quadrinhos japoneses”.

A história de Hokusai tem início no período Horeki. O artista era filho de uma família de artesões do bairro de Katsushika. Seu pai fabricava espelhos para ganhar a vida e acredita-se que sua mãe fosse uma concubina, esposa secundária. Aos seis anos, o pintor começou a fazer seus primeiros trabalhos, decorando os espelhos que seu pai fabricava.

Era comum que artistas japoneses utilizassem diversos nomes. Porém, Hokusai chegou a ter 30 nomes, quantidade maior que a de qualquer outro artista do Japão. Entre as fases de pintura de Hokusai, um período ocultado sobre sua obra é o Taito, no qual produziu arte erótica em uma série chamada Sungai. Este é mais um motivo para tantas mudanças de nome de Hokusai. Para não ser acusado de imoralidade, o artista tinha que esconder as gravuras em envelopes com diversos pseudônimos diferentes.

Antes de sua morte, ocorrida em 10 de maio de 1849, Hokusai escreveu um haicai:

Agora como espírito

devo atravessar

os campos de verão.

Fontes:
BIBE LUYTEN, Sonia. Mangá, o poder dos quadrinhos japoneses. São Paulo: Hedra, 2000.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Katsushika_Hokusai
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Grande_Onda_de_Kanagawa

Link da matéria: http://www.infoescola.com/biografias/hokusai/

Produtora do ‘Conexão Repórter’ se passa por modelo e mostra o submundo do glamour


O ‘Conexão Repórter’, do SBT, desta quinta-feira, 31, revela os bastidores do mundo das modelos. Após cinco meses de investigação, o jornalista e apresentador Roberto Cabrini mostrará "o outro lado da passarela", documentário exclusivo sobre o lado pouco conhecido da profissão desejada por tantas jovens.

Uma produtora do programa se passou por candidata a modelo e se infiltrou em agências, conheceu empresários e intermediários. Ela gravou encontros, seleções, provas e todo tipo de oferta. A reportagem mostra armadilhas perigosas no caminho de adolescentes que querem alcançar a fama: dietas desumanas, drogas e propostas de sexo em troca de um suposto emprego. São mais de 100 horas de gravações e de encontros registrados com câmeras escondidas.

O programa é intercalado por entrevistas feitas por Cabrini com vítimas do lado “obscuro” da profissão de modelo. “Há anos que planejava documentar o lado sujo deste glamour. São brasileiras que deixam suas casas sonhando em se tornarem top models e acabam submetidas a situações constrangedoras e indignas. O primeiro passo para essa apuração foi justamente o mais difícil. Encontrar uma jornalista com o perfil ideal para levar a cabo as gravações, o que finalmente conseguimos”, conta Cabrini.

Fonte: http://portal.comunique-se.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=68730:produtora-do-conexao-reporter-se-passa-por-modelo-para-mostrar-o-submundo-do-glamour&catid=28:carreira&Itemid=20

30 de maio de 2012

VERGONHA NACIONAL

Messi e Marky Ramone!!! CLACLAP

Neymar e Thiaguinho!!! OMG!!!

VERGONHA NACIONAL! PO! NEYMAR, NÃO FAZ ISSO!!!

Em cima: Messi e Marky Ramone
Em baixo: Thiaguinho e Neymar

Ramones Live Bremen 78

25 de maio de 2012

Quando a nerdice encontra o rock 'n' roll

Guitarras nunca tiveram muita coisa ver com o mundo geek. Roqueiros, geralmente, são os populares, os caras que batem no gordinho de óculos com bumbum de fralda. Dando uma pesquisada, relembrando figurinhas do fundo do baú, escolhi as bandas e músicos mais nerds (digo, com cara de nerd) do rock.

Buddy Holly. Esse com certeza jogava Pokemon


E esse olhar de PC Siqueira, Elvis Costello? Creeedo.

Devo. Sem comentários.
Bo Diddley. Negão, guitarrinha quadrada, nerdice exalando

Roy Orbison depois de uma sessão de Star Wars

XICO SÁ - Monalisa é corintiana

Como secar o time da musa? Tentei, mas pensava naquele rostinho. Linda, linda, linda


Amigo torcedor, amigo secador, o meu agourento corvo Edgar fez um pacto com o gavião, só sendo, mas isso é o de menos, o que me interessa é essa coisa de amor e futebol, para alguns inconciliável, para mim, vida simples: primeiro a mulher, depois o time. Quem achar o contrário que levante o dedo ou cale-se para sempre.

Não sou Corinthians, embora admire muito, na qualidade de cronista de costumes, a capacidade de um time mudar a cara ranzinza de São Paulo com um triunfo, isso é bonito, repito: o café vem mais quente e a cerveja, mais gelada no dia seguinte. Eis o mantra que vi, ouvi, quando aqui cheguei, no sorriso do Marivas, um ex-boy desta Folha que, com a bravura do sangue baiano, virou um ótimo jornalista. Corintianíssimo, guerreiro de Irecê, terra do feijão e do sonho, meu velho Orígenes Lessa.

Mas falaria de outra coisa. Pause. Não posso conhecer ou amar mulheres que torcem por outros times. Caio feito um patinho no conto delas. Um patinho sob a mira no parque de diversões.

Como não pensar que Aline sofria nas arquibancadas de Pacaembu anteontem, embora eu estivesse distante?! Só pensava nos seus novos óculos à Johnny Depp nos filmes de Jim Jarmusch. Linda! Que não molhe essas lentes com lágrimas futebolísticas.

Não queria, jamais, que minha enfermeira corintiana, minha Monalisa do Ipiranga, desabasse qual uma Maysa ludopédica, meu mundo caiu nas Américas.

Como secar o time da musa?

Tentei, mas pensava sempre no seu rostinho de Hollywood anos 40. Linda, linda, linda.

Não consegui o requinte dessa perversão, amigo. Primeiro sempre as damas, mesmo na saída do Titanic.

Fiquei vendo o jogo na solidão de um quarto de hotel em Petrolina, meu corvo Edgar ao longe na indecifrável aliança gavionística, e eu pensando nela. Logo mais pegaria um voo para São Paulo e a queria como nunca.
Por um momento pensei em uma suposta vantagem sentimental: ela estaria mais triste e careceria de um ombro. Não. Aqueles olhinhos já nasceram melancólicos. Que Aline sorria sob os holofotes do Pacaembu e volte para casa com a esperança de sempre salvar vidas ou produzir artes -sua nova mania, coisa única.
Cheguei e ela desabou na cama de tanta adrenalina. Nem deu tempo dar os parabéns pela vitória do seu time. Só deu tempo da gente ser feliz para sempre até que a Libertadores nos separe.

24 de maio de 2012

MOMENTO MEIA-HORA: Filho mata mãe e se joga do terceiro andar

SÃO PAULO


Um homem suspeito de matar a mãe, de 73 anos, a facadas, morreu ao pular da janela do terceiro andar do apartamento em que moravam, na Vila Mariana, na sexta-feira.
Moradores ouviram gritos e chamaram a PM. Os policiais bateram na porta, sem sucesso. Em seguida, segundo moradores, o homem pulou da janela. Os policiais arrombaram a porta e acharam o corpo da mulher na área de serviço, esfaqueada na cabeça e no abdômen. Uma filha da vítima contou que o irmão sofria de esquizofrenia.

TOP 5 - BANDAS DE ROCK ESQUECIDAS DOS 50's

Rock cru, dançante, meninas com faixas no cabelo e vestidos de bolinha. Os garotos usam gel, jaqueta de couro, andam em suas motocicletas. Foi nos anos 50 que começou o rock 'n' roll. Ao som de Chuck Berry, Little Richard, Bo Diddley, entre outros músicos, o som das guitarras saiu dos guetos e ultrapassou fronteiras. Nessa época, a gravadora Sun Records iniciava suas atividades com Elvis Presley, Bill Haley and his Comets, Roy Orbison e Johnny Cash. No entanto, qualquer um podia pegar uma guitarra e sair tocando naqueles tempos, mas muitos músicos de talento ficaram desconhecidos e acabaram como lavadores de porcos no Texas.

Esse Top 5 será o dos esquecidos!

UABAPULUPA BULABAMBOOM!!!

1 - Jimmy Johnson - Woman Love (1956)



Jimmy Johnson - Woman Love (1956) por CASVI_Factory

2 - Bunker Hill - The Girl Can't Dance - Garage Rock



3 - Benny Joy - Crash the Party



4 - Link Wray - Rumble



5 - Esquerita-Rockin' The Joint

Elliott Smith - Pretty (Ugly Before) 7"

23 de maio de 2012

5 Bandas de garage rock pra despirocar

Resolvi fazer uma lista com indicações de cinco bandas de garage rock. Acho que não tem um idioma que cai melhor pro rock. O francês e o inglês, talvez, sejam os que melhor se encaixem, mas o português, o japonês e o italiano não fazem feio quando lidamos com bandas que sabem encaixar bem as letras e melodias com o som. É isso, segue!

1 - I Kings - Trovane Un Altro (Cool Italian punk in color)




2 - The Golden Cups - Hey Joe



3 - Jacques Dutronc -Sur une nappe de restaurant-1966 garage rock



4 - Lena Rios - Eu sou eu, Nicurí é o Diabo



5 - Thee Headcoatees - Don't Wanna Hold Your Hand

Evento traz Art Spiegelman e Gay Talese


Quarta edição do Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural começa na próxima segunda, no Tuca, em SP


Programação do ciclo terá ainda debates com a cineasta Claire Denis e o historiador da cultura 


Robert Darnton




Começa na próxima segunda, dia 28, a quarta edição do Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural.

Organizado pela revista "Cult", o evento conta com o apoio de sete universidades brasileiras e instituições culturais do exterior.
Durante quatro dias, o congresso reunirá 59 escritores, jornalistas e professores para debater os desafios e as novas tendências do jornalismo cultural.
A lista de convidados internacionais inclui nomes como Gay Talese, um dos pais do chamado jornalismo literário ou "new journalism", Art Spiegelman, quadrinhista vencedor do prêmio Pulitzer pelo livro "Maus", e Robert Darnton, historiador da cultura e diretor da biblioteca da Universidade Harvard (EUA).
O congresso também homenageará a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914 -1992), tema de uma conferência que vai analisar o legado de sua obra.
As palestras têm temas variados ligados à cultura.
Como ponto comum, no entanto, todas propõem uma interação entre o mercado e a academia, além de um debate sobre os conceitos de alta e de baixa cultura.
"Hoje nós temos uma mistura dessas definições, que não são mais excludentes. Misturamos todo tipo de produção cultural. E o jornalismo reflete esta multiplicidade ", explica Marcelo Rezende, curador do congresso.
Como exemplo, ele cita a inclusão de temas mais populares, como samba e HQs, ao lado de debates sobre teatro e artes plásticas.

17 de maio de 2012

Novo terror de Sam Raimi! THE POSSESSION Trailer (2012) [HD]

Hummm... Sam Raimi voltando com seus insetos, possessões e nojeiras. Parece promissor...

VEREMOS!!!

Professora Helena – O Retorno da Morta-Viva

Será que ela não sabe a tabuada?
Quem não se lembra da novelinha infantil e dramalhão mexicano Carrossel? Sim, amigos. Essa carroça velha, depois da péssima versão Carrossel das Américas, vai ganhar uma nova leitura, só que dessa vez com atores brasileiros.

Isso só podia ser coisa do SBT mesmo. Depois de mais de vinte anos mumificada, a atriz Gabriela Rivera, que fazia a professora Helena, vai fazer uma ponta na releitura que estreia no canal dia 21.

A professorinha morta-viva já veio ao Brasil no ano passado, convidada pelo Silvio Santos, velho taradão (será que ele come?). Neste mês, após outro convite do MÁÔE!, vai fazer uma participação especial no Carrossel brasileiro. "Adoro saber que uma nova geração terá a oportunidade de ver essa novela tão linda", disse ela em entrevista para um jornaleco vendido por aí.

Por sinal, Helenona já deve estar bem acabadinha. A mulher teve três filhas e ficou um tempo afastada da tevê. No ano passado, voltou pra a teledramaturgia e atualmente está no elenco da novela "Coração Apaixonado", do canal Univisión, que é feita para o público hispânico que reside nos E.U.A.

"É uma trama sobre os problemas das crianças e uma professora sempre doce disposta a ajudar cada um dos alunos”, disse a professora Helena sobre o sucesso de Carrossel. Ela ainda tem contato com o elenco da novela original, mas só por facebook. Seria legal ver a velhota comendo uma feijoada na casa do Jaime Palilo, entalada na cadeira ao lado da Laurinha, “isso é tão romântico!”

Com sua índole de doce fofoqueira ainda vibrando, ela conta que a atriz que fez a Maria Joaquina ainda atua em novelas (pornografia?), o intérprete do Jaime Palilo é advogado, e o Pablo (que era essa besta?) virou engenheiro.

Para completar, Helena velha manda uma dica para a Helena nova, que será interpretada pela atriz brasileira Rosanne Mulholland. "Não tenha medo de dividir as cenas com as crianças e faça a personagem com extrema doçura. Esse é o caminho”, indica Helenona.

É, SBT! Você é surpreendente!

Ai, ai, se eu te pego...

Joey Ramone ~ Spirit In My House

Joey Ramone ~ Spirit In My House

16 de maio de 2012

Mensagem Subliminar no Angry Birds

Vejam!!! Usuário capta mensagem pornográfica subliminar no jogo Angry Birds!!!

BOMBA!!! BOMBA!!! BOMBA!!! BIRIBINHA!!! MORTEIRÃO!!! CABUM!!!


Angry Birds!!! Um jogo de sensualidade explícita!!! Bombona!!


VEJAM VOCÊS MESMOS!!!




SAFADEZA TOTAL!!!















15 de maio de 2012

Cinemateca Nacional apresenta filmes de John Cassavetes

Ben Gazarra, Gena Rowlands e John Cassavetes
Entre os dias 15 e 20 de maio, a Cinemateca Nacional apresentará filmes de John Cassavetes. A mostra não engloba todos os filmes do diretor, centrando-se nas obras mais conhecidas com produção entre 1959 e 1977. Os longas exibidos serão: Faces, A morte de um bookmaker chinês, Uma mulher sob influência, Noite de estreia e Sombras. A ausência de filmes como Minha esperança é você, Os maridos e Glória foi uma falha da organização, que com poucos filmes, terá que se repetir por vários dias. No site da Cinemateca, eles justificaram a escolha dos filmes devido à uma suposta homenagem ao falecido Ben Gazarra e à Gena Rowlands (que foi casada com Cassavetes), isso não justifica a ausência dos filmes citados, pois em cada um deles há a participação de pelo menos um dos atores.

John Cassavetes

O diretor fez parte do grupo conhecido como “Hollywood mavericks”, cineastas que eram contrários aos interesses dos grandes estúdios. Para realizar suas obras, além do dinheiro que conseguia com suas atuações em filmes hollywoodianos (vide O Bebê de Rosemary), Cassevetes tinha um grupo de atores e colaboradores com quem sempre trabalhava, como cúmplices.

Programação da mostra sobre John Cassavetes da Cinemateca Brasileira 2012


15.05 | TERÇA

SALA CINEMATECA BNDES

18h30 SOMBRAS
20h30 FACES

16.05 | QUARTA

SALA CINEMATECA PETROBRAS

17h30 UMA MULHER SOB INFLUÊNCIA
20h30 A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS

17.05 | QUINTA

SALA CINEMATECA BNDES

18h00 NOITE DE ESTREIA
20h30 SOMBRAS

18.05 | SEXTA

SALA CINEMATECA PETROBRAS

18h00 FACES
20h30 UMA MULHER SOB INFLUÊNCIA

19.05 | SÁBADO

SALA CINEMATECA BNDES

18h00 NOITE DE ESTREIA
21h00 SOMBRAS

20.05 | DOMINGO

SALA CINEMATECA BNDES

14h30 FACES
17h00 UMA MULHER SOB INFLUÊNCIA
20h00 A MORTE DE UM BOOKMAKER CHINÊS

Serviço:


CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
próxima ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
Ingressos: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada)
Maiores de 60 anos e estudantes do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação de documento.

Realismo Mágico

O surgimento da corrente literária denominada realismo mágico deu-se no começo do século XX. Também conhecida pelos nomes realismo fantástico ou realismo maravilhoso (Espanha), é considerada uma característica própria da literatura latino-americana.

A principal particularidade desta corrente literária é fundir o universo mágico à realidade, mostrando elementos irreais ou estranhos como algo habitual e corriqueiro. Além desta característica, o realismo mágico apresenta os elementos mágicos de forma intuitiva (sem explicação).

Um bom exemplo para um melhor entendimento do realismo mágico é o romance “Cem Anos de Solidão”, do colombiano Gabriel García Márquez. No livro, alguns personagens ficam surpresos ao se depararem com elementos fantásticos, mas agem como se aquilo pudesse acontecer naturalmente, como se fosse comum. Algumas descrições mágicas feitas por García Márquez são: a peste de insônia e de esquecimento que atinge as pessoas; a morte e retorno à vida de um cigano, uma mulher que sobe aos céus, entre outros.

Os escritores que representam o realismo mágico são Gabriel García Márquez (Colômbia), Manuel Scorza (Peru), Mario Vargas Llosa (Peru), Julio Cortázar (Argentina), Jorge Luis Borges (Argentina), Arturo Uslar Pietri (venezuelano considerado o pai do realismo mágico), Murilo Rubião (Brasil), José J. Veiga (Brasil), Alejo Carpentier (Cuba), Miguel Angel Astúrias (Guatemala) e Carlos Fuentes (México).

No contexto histórico, o realismo mágico surgiu em um dos períodos mais conturbados da América Latina. Entre as décadas de 60 e 70, os países latino-americanos passavam por processos ditatoriais. Desta forma, o realismo surge como uma forma de reação, utilizando o elemento mágico como reforço das palavras contrárias aos regimes dos ditadores. Outro aspecto que influenciou o realismo mágico foi a discrepância entre cultura da tecnologia e cultura da superstição que havia na América Latina naquela época.

O realismo mágico influenciou até mesmo escritores europeus. Segundo opinião de alguns críticos, a obra do italiano Ítalo Calvino, do tcheco Milan Kundera e do inglês Salman Rushdie sofreram forte influência da corrente latino-americana.

Fontes:

DACANAL, José Hildebrando. Realismo Mágico. Porto Alegre, Ed. Movimento, 1970.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Realismo_m%C3%A1gico
http://www.ufrgs.br/proin/versao_2/links/index08.html
http://universofantastico.wordpress.com/2008/07/18/o-realismo-magico/
http://glamourliterario.blogspot.com.br/2010/09/o-realismo-fantastico-em-cem-anos-da.html
http://www.infoescola.com/literatura/realismo-magico/

12 de maio de 2012

Conto de João Antonio - Meninão do Caixote

João Antonio, bom na escrita e no taco
João Antonio, bom na escrita e no taco



Esse é um dos contos mais legais e cativantes que eu já li. Meninão do Caixote, de João Antônio, mostra um período na vida de um menino que descobre o talento na sinuca. O pivete é "um taco", como dizem os personagens do conto. Resolvi colocar aqui na íntegra.















O meninão do caixote
 de João Antonio.

Foi o fim de Vitorino. Sem meninão do Caixote, Vitorino não se agüentava.
Taco velho quando piora, se entreva duma vez. Tropicava nas tacadas, deu-lhe uma onda de azar, deu para jogar em cavalos. Não deu sorte, só perdeu, decaiu, se estrepou. Deu também para a maconha, mas a erva deu cadeia. Pegava xadrez, saía, voltava...
E assim, o corpo magro de Vitorino foi rodando São Paulo inteirinho, foi sumindo. Terminou como tantos outros, curtindo fome quietamente nos bancos dos salões e nos botecos.

***

Na rua vazia, calada, molhada, só chuva sem jeito; nem bola, nem jogo, nem Duda, nem nada. Quando papai partiu no G.M.C., apertei meu nariz contra o vidro da janela, fiquei pensando nas coisas boas de Vila Mariana. Eram muito boas as coisas de Vila Mariana. Carrinho de rodas de ferro (carrinho de rolimã, como a gente dizia), pelada todas as tardes, papai me levava no caminhão... E eu mais Duda íamos nadar todos os dias na lagoa da estrada de ferro. Todos os dias, eu mais Duda.
A gente em casa apanhava, que nossas mães não eram sopa e com mãe havia sempre uma complicação. A camisa meio molhada, os cabelos voltavam encharcados, difícil disfarçar e a gente acabava apanhando. Apanhava, apanhava, mas valia. Puxa vida! A gente tirava a roupa inteirinha, trepava no barranco e “tichbum” – baque gostoso do corpo na água. Caía aqui, saía lá, quatro-cinco metros adiante. O gostosura que era a gente debaixo da água num mergulhão demorado!
Agora, na Lapa, numa rua sem graça, papai viajando na seu caminhão, na casa vazia só os pés de mamãe pedalavam na máquina de costura até a noite chegar. E a nova professora do grupo da Lapa? Mandava a gente à pedra, baixava os olhos num livro sobre a mesa. Como eu não soubesse, o tempo escorria mudo, ela erguia os olhos do livro, mandava-me sentar. Eu suspirava de alívio.
É. Mas não havia acabado não. À saída, naquele meu quinto ano, ela me passava o bilhete, que eu passaria a mamãe.
– Trazer assinado.
Coisas horríveis no bilhete, surra em casa.
Se Duda estivesse comigo eu não estaria bobeando, olhando a chuva. A gente arrumaria uns botões, eu puxaria o tapete da sala, armaria as traves. Duda, aquele meu primo, é que era meu. Capaz de fazer trinta partidas, perder as trinta e não havia nada. Nem raiva, nem nada. Cocava a cabeça, saía para outra, a gente se entendia e recomeçava. Às vezes, até sorria:
– Você está jogando muito.
Mas agora a chuva caía e os botões guardados na gaveta da cômoda apenas lembravam que Duda ficara em Vila Mariana. Agora, a Lapa, tão chata, que é que tinha a Lapa? E exatamente numa rua daquelas, rua de terra, estreita e sempre vazia. Havia também uma professora que lia o seu livro e me esquecia abobalhado à frente da lousa. Depois... O bilhete e a surra. É. Bilhete para minha mãe me bater, castigo, surra, surra. E papai que viajava no seu caminhão, e quando viajava se demorava dois-três meses.
Era um caminhão, que caminhão! Um G.M.C. novo, enorme, azul, roncava mesmo. E a carroceria era um tanque para transportar óleo. Não era caminhão simples não. Era carro-tanque e G.M.C. Eu sabia muito bem – ia e voltava transportando óleo para a cidade de Patos, na Paraíba. Outra coisa – Paraíba, capital João Pessoa, papai sempre me dizia.
Mamãe não gostava daquele jeito de papai, jeito de moço folgado, que sai e fica fora o tempo que bem entende. Também não gostava que ele me fizesse todos os gostos, pois, estes, ele fazia mesmo. Era só pedir. Papai vivia de brincadeira e de caçoada quando estava em casa, e eu o ajudava a caçoar de mamãe, do que ele muito gostava. Mamãe ia agüentando, agüentando, com aquele jeito calmo que tinha. Acabava sempre estourando, perdia a resignação de criatura pequena, baixinha,, botava a boca no mundo:
– Dois palermas! Não sei o que ficam fazendo em casa. Papai virava-se, achava mais divertido. E sorríamos os dois.
– Ora, o quê! Pajeando a madame.
Eu achava tão engraçado, me assanhava em liberdades não-dadas.
– Exatamente.
Então, o chinelo voava. Eu apanhava e papai ficava sério e saía. Ia ver o caminhão, ia ao bar tomar cerveja, conversar, qualquer coisa. Naquele dia não falava mais nem com ela, nem comigo.
Lá em Vila Mariana ouvi uma vez da boca de uma vizinha, que mamãe era meio velha para ele e era até meio feia. Velha, podia ser. Feia, não. Tinha um corpo pequeno, era baixinha, mas não era feia.
Bem. O que interessa é que papai tinha um G.M.C., um carro-tanque G.M.C., e que enfiava o boné de couro, ajeitava-se no volante e saía por estas estradas roncando como só ele.
Mas agora era a Lapa, não havia Duda, havia era chuva na rua feia e papai estava fora. Lá na cidade de Patos, tão longe de São Paulo... Lá num ponto pequenino, quase fechando na curva do mapa.
– Menino, vai buscar o leite.Pararam os pés no pedal, parei o passeio do dedo na cartografia, as pernas jogadas no soalho, barriga no chão, onde estirado eu pensava num carro-tanque e no boné de couro de papai. Ergui-me, limpei o pó da calça. Uma preguiça...
– Mas está chovendo...
Veio uma repreensão incisiva. Mamãe nervosa comigo, por que sempre nervosa? Quando papai não estava, os nervos de mamãe ferviam. Tão boa sem aqueles nervos... Sem eles não era preciso que eu ficasse encabulado, medroso, evitando irritá-la mais ainda, catando as palavras, delicado, tateando. Ficava boçal, como quando ia limpar a fruteira de vidro da sala de jantar, aquele medo de melindrar, estragar o que estava inteiro e se faltasse um pedaço já não prestaria mais.
Peguei o litro e saí.
Na rua brinquei, com a lama brinquei. O tênis pisava na água, pisava no barro, pisava na água, pisava no barro, pisava na água, pisava no barro, pisava...
– Dá um litro de leite.
A dona disse que não tinha. Risinho besta me veio aos lábios, porque naquelas ocasiões papai diria: “E fumo em corda não tem?”
O remédio era ir buscar ao Bar Paulistinha, onde eu nunca havia entrado. Quando entrei, a chuvinha renitente engrossou, trovão, trovão, um traço rápido cor de ouro lá no céu. O céu ficou parecendo uma casca rachada. E chuva que Deus mandava.
– Essa não!
Fiquei preso ao Bar Paulistinha. Lá fora, era vento que varria. Vento varrendo chão, portas, tudo. Sacudiu a marca do ponto do ônibus, levantou saias, papéis, um homem ficou sem chapéu. Gente correu para dentro do bar.
– Entra, entra!
O dono do bar convidava com o ferro na mão. Depois desceu as portas, bar cheio, os luminosos se acenderam, xícaras reunindo café quente, cigarros, conversas sobre a chuva.
No Paulistinha havia sinuca e só então eu notei. Pedi uma beirada no banco em volta da mesa, ajeitei o litro de leite entre as pernas.
– Posso espiar um pouco?
Um homem feio, muito branco, mas amarelado ou esbranquiçado, eu não discernia, um homem de chapéu é de olhos sombreados, os olhos lá no fundo da cara, braços finos, tão finos, se chegou para o canto e largou um sorriso aberto:
– Mas é claro, garotão!
Fiquei sem graça. Para mim, moleque afeito às surras, aos xingamentos, leves e pesados que um moleque recebe, aquela amabilidade me pareceu muita.
O homem dos olhos sombreados, sujeito muito feio, que sujeito mais feio! No seu perfil de homem de pernas cruzadas, a calça ensebada, a barba raspada, o chapéu novo, pequeno, vistoso, a magreza completa. Magreza no rosto cavado, na pele amarela, nos braços tão finos. Tão finos que pareciam os meus, que eram de menino. E magreza até no contorno do joelho que meus olhos adivinhavam debaixo da calça surrada.
Seus olhos iam na pressa das bolas na mesa, onde ruídos secos se batiam e cores se multiplicavam, se encontravam e se largavam, combinadamente. Á cabeça do homem ia e vinha. Quando em quando, a mão viajava até o queixo, parava. Então, seguindo a jogada, um deboche nos beiços brancos ou uma aprovação nos dedos finos, que se alongavam e subiam.
– Larga a brasa, rapaz!
A mão subia, o indicador batia no médio e no ar ficava o estalo.
Aquela fala diferente mandava como nunca vi. Picou-me aquela fala. Um interesse pontudo pelo homem dos olhos sombreados. Pontudo, definitivo. O que fariam os dedos tão finos e feios?
– Larga a brasa, rapaz!
Quando o jogo acabou o homem estava numa indignação que metia medo. Deu com o dedo na pala e se levantou.
– Parei com este jogo!
Eu já não entendia – aquilo se jogava a dinheiro. Bem. E por que ele dava o dinheiro se não havia jogado?
– O Vitorino, você quer café?
Um outro que o chamava, com o mesmo jeito na fala.
Vitorino. Para mim, o nome era igualzinho à pessoa. Duas coisas nunca vistas e muito originais. O homem dos olhos sombreados sorriu aberto. A indignação foi embora nos dentes pretos de fumo. O homem na sua fala sorriu e foi para o companheiro que o chamava, lá da ponta do balcão. Falou como se fizesse uma arte:
– O adivinho!
Um prédio velho da Lapa-de-baixo, imundo, descorado, junto dos trilhos do bonde. À entrada ficavam tipos vadios, de ordinário discutindo jogo, futebol e pernas que passavam. Pi-poqueiro, jornaleiro, o bulício da estrada de ferro. Á entrada era de um bar como os outros. Depois o balcão, a prateleira de frutas, as cortinas. Depois das cortinas, a boca do inferno ou bigorna, gramado, campo, salão... Era isso o Paulistinha.
As tardes e os domingos no canto do banco espiando a sinuca. Ali, ficar quieto, no meu canto, como era bom!
Partidas baratas e partidas caras. Funcionavam supetões, palpitações e suor frio. Sorrisos quietos, homens secos, amarelos, pescoços de galinha, olhos fundos nas caras magras. Àqueles não dormiam, nem comiam. E o dinheiro na caçapa parecia vibrar também, como o taco, como o giz, como os homens que ali vibravam. Picardia, safadeza, marmeladas também. O jogo enganando torcidas para coleta das apostas.
Vitorino era o dono da bola. Um cobra. O jeito camarada ou abespinhado de Vitorino, chapéu, voz, bossa, mãos, seus olhos frios medidores. O máximo, Vitorino. No taco e na picardia.
Saía, fazia que ia brincar. Ficava lá no meu canto, procurando compreender. Os homens brincavam:
– O meninão!
Eu sorria, como que recompensado. Aquele dera pela minha presença. Um outro virava-se:
– O meninão, você está aí?
Meninão, meninão, meu nome ficou sendo Meninão.

***

Os pés de mamãe na máquina de costura não paravam.
Para mim, Vitorino abria uma dimensão nova. As mesas. O verde das mesas, onde passeava sempre, estava em todas, a dolorosa branca, bola que cai e castiga, pois o castigo vem a cavalo.
Para mim, moleque fantasiando coisas na cabeça...
Um dia peguei no taco.

***

Joguei, joguei muito, levado pela mão de Vitorino, joguei demais.
Porque Vitorino era um bárbaro, o maior taco da Lapa e uma das maiores bossas de São Paulo. Quando nos topamos Vitorino era um taco. Um cobra. E para mim, menino que jogava sem medo, porque era um menino e não tinha medo, o que tinha era muito jeito, Vitorino ensinava tudo, não escondia nada.
Só joguei em bilhares suburbanos onde a polícia não batia, porque era um menino. Mas minha fama correu, tive parceirinhos que vinham, vinham de muito longe à Lapa para me ver. Viam e se encabulavam. E depois carregavam nas apostas. Fama de menino-absurdo, de máximo, de atirador, de bárbaro. Eu jogando, as apostas corriam, as apostas cresciam, as apostas dobravam em torno da mesa. E os salões se enchiam de curiosos humildes, quietos, com os olhos nas bolas. Era um menino, jogava sem medo.
Eu era baixinho como mamãe. Por isso, para as tacadas longas era preciso um calço. Pois havia. Era um caixote de leite condensado que Vitorino arrumou. Alcançando altura para as tacadas, eu via a mesa de outro jeito, eu ganhava uma visão! Porque não se mostrasse, meu jogo iludia, confundia, desnorteava. Muitos não acreditavam nele. Também por isso rendia... E desenvolvia um jogo que enervava um santo. Jogo atirado, incisivo, de quem emboca, emboca, mas o jogo não aparece no começo. Vai aparecer no fim da partida, depois da bola três, quando não há mais jeito para o adversário. As apostas contrárias iam por água abaixo.
Porque me trepasse num caixote e porque já me chamassem Meninão...
Meninão do Caixote... Este nome corre as sinucas da baixa malandragem, corre Lapa, Vila Ipojuca, corre Vila Leopoldina, chega a Pinheiros, vai ao Tucuruvi, chegou até Osasco. Ia indo, ia indo. Por onde eu passava, meu nome ficava.Um galinho de briga, no qual muitos apostavam, porque eu jogava, ia lá ao fogo do jogo e trazia o dinheiro.
Lá ia eu, Meninão do Caixote, um galinho de briga. l)ni menino, não tinha quinze anos.
Crescia, crescia o meu jogo no tamanho novo do meu nome.
Tacos considerados vinham me ver, vinham de longe, namoravam a mesa, conversavam comigo, passavam horas espiando o meu jogo. Eu sabia que me estudavam, para depois virem. Viessem... Eu andava certo como um relógio. Não me afobava, Vitorino me ensinou. A gente joga para a gente, a assistência que se amole. E meu jogo nem era bonito, nem era estiloso, que eu jogava para mim e para Vitorino. O caixote arrastado para ali, para além, para as beiradas da mesa.
Minha vida ferveu. Ambientes, ambientes do joguinho. No fundo, todos os mesmos e os dias também iguais. Meus olhos nas coisas. O trouxa, a marmelada, o inveterado, traição, traição. O Deus, como... por que é que certos tipos se metiam a jogar o joguinho? Meus olhos se entristeciam, meus olhos gozavam. Mas havendo entusiasmo, minha vida ferveu. Conheci vadios e vadias. Dei-me com toda a canalha. Aos catorze, num cortiço da Lapa-de-baixo conheci a primeira mina. Mula-tinha, empregadinha, quente. Ela gostava da minha charla, a gente se entendia. Eu me lembro muito bem. Às quintas-feiras, quatro pancadas secas na porta. Duas a duas.
Na sinuca, Vitorino e eu, duas forças. Nas rodas do joguinho, nas curriolas, apareceu uma frase de peso, que tudo dizia e muito me considerava.
– Este cara tá embocando que nem Meninão do Caixote!
Combati, topei paradas duras. Combati com Narciso, com Toniquinho, Quaresmão, Zé da Lua, Piauí, Tiririca (até com Tiririca!), Manecão, Taquara, com os maiores tacos do tempo, nas piores mesas de subúrbio, combati e ganhei. Certeza? Uma coisa ia comigo, uma calma, não sei. Eles berravam, xingavam, cantavam, eu não. Preso às bolas, só às bolas. Ia lá e ganhava.
Umas coisas já me desgostavam.
Jogava escondido, está claro. Brigas em casa, choro de mamãe. Eu não levantava a crista não. Até baixava a cabeça.
– Sim senhora.
Mas a malandragem continuava, eu ia escorregando difícil, matando aulas, pingando safadezas. O colégio me enfarava, era isto. Não conseguia prender um pensamento, dando de olhos nos companheiros entretidos com latim e matemática.
– Cambada de trouxas!
Dureza, aquela vida: menino que estuda, que volta à casa todos os dias e que tem papai e tem mamãe. Também não era bom ser Meninão do Caixote, dias largado nas mesas da boca do inferno, considerado, bajulado, mandão, cobra. Mas abastecendo meio mundo e comendo sanduíche, que sinuca é ambiente da maior exploração. Dava dinheiro a muito vadio, era a estia, gratificação que o ganhador dá. Dá por dar, depois do jogo. Acontece que quem não dá, acaba mal. Não custa a curriola atracar a gente lá fora.
Vitorino era meu patrão. Patroou partidas caríssimas, partidas de quinhentos mil réis. Naquele tempo, quinhentos mil réis. Punha-me o dinheiro na mão, mandava-me jogar. Fechava os olhos que o jogo era meu. E era.
– Vai firme!
Às vezes, jogo é jogo, a vantagem do adversário era enorme. E havia três bolas na mesa. Apenas. O cinco, o seis e o sete. Meus olhos interrogavam os olhos sombreados de Vitorino. Sua mão subia no velho gesto, o indicador batendo no médio e no ar ficava o estalo. Enviava:
– Vai pras cabeças! Belisca esse homem, Meninão! – e eu beliscava, mordia, furtava, tomava, entortava, quebrava.
Vitorino era o patrão, eu ganhava, dividíamos a grana.
Aquilo. Aquilo me desgostava. O divisão cheia de sócios, de nomes, de mãos a pegarem no meu dinheiro!
Por exemplo: ganhava um conto de réis. Dividia com Vitorino, só me sobravam quinhentos. Pagava tempo e despe¬sas, já eram só quatrocentos. Dava estia ao adversário: lá se iam mais dez por cento — só me sobravam trezentos. Dez por cento sobre um conto. Dava mais alguma estia... Ganhava um conto de réis, ficava só com duzentos.Estava era sustentando uma cambada, sustentando Vitorino, seus camaradas, suas minas, seus...
– Um dia mando tudo pra casa do diabo.
Não mandava ninguém. Vitorino trocava as bolas, mexia os pauzinhos, fazia negaça, eu aceitava a sua charla macia.
Uma vez, quebrando Zé da Lua, jogador fino, malandro perigoso da caixeta, do baralho e da sinuca, eu ouvi esta, depois de ganhar dois contos:
– Meu, neste jogo não tem malandro.
E eu ia aprendendo – o joguinho castiga por princípio, castiga sempre, na ida e na vinda o jogo castiga. Ganhar ou perder, tanto faz.
Tinha juízo aquele Zé da Lua.
O jogo acabava, eu pegava os duzentos mil réis, tocava para casa. Ia murcho. Haveria briga com mamãe.

***

Jogo e minas.
E papai estando fora, eu já fazia madrugada, resvalando, sorrateiro. Eu evolui um truque para a janela do meu quarto em noite alta eu chegando. Meter o ferro enviesado, por fora; destravar o fecho vertical...
Mamãe me via chegar, e às vezes fingia não ver. Depois, de mansinho, eu me deitava. E depois vinha ela e eu fingia dormir. Ela sabia que eu não estava dormindo. Mas mamãe me ajeitava as cobertas e aquilo bulia comigo. Porque ia para o seu canto, chorosa.
Mamãe, coitadinha.

***

Larguei uma, larguei duas, larguei muitas vezes o joguinho.
Entrava nos eixos. No colégio melhorava, tornava-me outro, me ajustava ao meu nome.
Vitorino arrumava um jogo bom, me vinha buscar. Eu desguiando, desguiando, resistia. Ele dando em cima. Se papai estava fora, eu acabava na mesa. Tornava à mesa com fome das bolas, e era: uma piranha, um relógio, um bárbaro. Jogando como sabia.
Essas reaparições viravam boato, corriam os salões, exageravam um Meninão do Caixote como nunca fui.
Vitorino, traquejado. Começava a exploração. Eu caía, por principio; depois explodia, socava a mesa:
– Este joguinho de graça é caro!
Fechava a mão, batia e jurava em cima da mesa.
Mamãe readquiria seu jeito quieto, criatura miúda. Os pés pequenos voltavam a pedalar descansados.
Tiririca, o grande Tiririca, elas por elas, era quase taco invicto antes do meu surgimento. E não parava jogo perdendo, empenhava o relógio, anel, empenhava o chapéu, mas o jogo não parava. Ficava fervendo, uma raiva presa, que o deixava fulo, branco, furta-cor... Os parceirinhos gozavam à boca pequena.
– O bicho tá tiririca.
Ficou se chamando Tiririca.
Mas era um grande taco. Perdendo é que era grande. Mineiro, mulato, teimoso, tanta mancha, quanta fibra. Um brigador. Um dos poucos que conheci com um estilo de jogo. Bonito, com puxadas, com efeitos, com um domínio da branca! Classe. Joguinho certo, ô batida de relógio, aparato, fantasia, cadência, combinação, ô tacada de feliz acabamento! Á sua força eram as forras. Os revides em grande estilo. Porque para Tiririca tanto fazia jogar uma hora, doze horas ou dois dias. O homem ficava verde na mesa, curtia sono e curtia fome, mas não dava o gosto.
– O jogo é jogado, meu.
Levava a melhor vida. Vadiava, viajava, tinha patrões caros, consideração dos policiais. E se o jogo minguava, Tiririca largava o taco e torcia o nariz com orgulho:
– Eu tenho meus bons ofícios. Ia trabalhar como poceiro.
Bem. Tiririca se encabulou comigo, estrebuchou, rebolou comigo durante sete horas e perdeu. Tudo. Empenhou o paletó por cinqüenta mil réis e perdeu.
– Esse moleque não é Deus!
Bem. Voltava agora, com a sede e o dinheiro, exigindo o reencontro, prometendo me estraçalhar.
– Quero a forra.
Vitorino me buscou. Eu não queria mais nada.
Do lado de lá da rua, em frente ao colégio, Vitorino estava parado. Passavam ônibus, crianças, passavam mulheres, bondes, Vitorino ficava. Dois meses sem vê-lo e ele era o mesmo. Eu lhe explicaria bem devagar que não queria mais nada com o joguinho. Ás coisas passavam de novo, Vitorino ficava. Ficava, ficava. Seu chapéu, suas mãos, sua camisa sem gravata. Magro, encardido, trapo, caricatura. Desguiei, busquei um modo:
– Não dá pé.
Vitorino cortou com um agrado rasgado. Como escapar àquele raio de simpatia e à fala camarada? Vitorino tinha uma bossa que não acabava mais! Afinal, cedi para bater um papo. Afinal, entre tacos...
– Nego, não dá pé.
Tiririca. A conversa já mudou. O malandro em São Paulo, querendo jogo comigo, aquilo me envaidecia... Tiririca me procurando.
Mas caí no meu tamanho, afrouxei, quase três meses sem pegar no taco, fora de forma, uma barata tonta, não daria mais nada.
– Que nada, meu!
Tiririca era um perigoso. Deveria estar tinindo.
– Mas você é a força!
Vitorino já me conhecia, agüentava, agüentava. Até que eu:
– Pois vou!
Ele se abriu no macio rebolado:
– Aí, meu Meninão do Caixote!
Era um domingo.
Dia claro, intenso, desses dias de outubro. Um sol... Desses dias de São Paulo, que ninguém precisa dizer que é domingo. Inesperados, dadivosos, e no entanto, malucos – costumam virar duma hora para outra.
O último jogo. O jogo era em Vila Leopoldina, que assim marcou Tiririca. No ônibus uma coisa ia comigo. Era o último, perdesse ou ganhasse. Bem falando, eu não queria nem
jogar, ia só tirar uma asma, quebrar Tiririca duma vez, acabar com a conversa. Não por mim, que eu não queria jogo. Mas pelo gosto de Vitorino, da curriola, não sabia. Saltei na rua de terra.
Ninguém precisava dizer que aquilo era um domingo...
– O Meninão do Caixote!
Na manhã quente, um que me saudava. Cobra já conhecido e muito considerado, eu encontrava nos bilhares, amigos de muitos lados.
Prometera voltar a casa para o almoço. Claro que voltaria. Tiririca era duro, eu sabia. Deixá-lo. Eu lhe quebraria a fibra. Fibra, orgulho, teima, eu mandaria tudo para a casa do diabo. Já havia mandado uma vez...
A curriola estava formada quando o jogo começou.
O salão se povoou, se encheu, ferveu. Gente por todo o canto, assim era quando eu jogava e os homens carregavam apostas entre si. O dono do bar me sorria, vinha trazer o giz americano, vinha me adular. Eu cobra, mandão. As mãos de Vitorino atiçavam.
– Larga a brasa, Meninão! Dá-lhe, Meninão! Vamos deixar esse cara duro, durinho. De pernas pro ar!
Desacatos fazem parte da picardia do jogo. E na encabulação e no desacato Vitorino era professor.
Mas Tiririca estava terrível. Afiado, comendo as bolas, embocando tudo, naquele domingo estava terrível. Contudo, na sinuca eu trazia uma coisa comigo. Mais jogasse o parceirinho, mais eu jogaria. Uma vontade, desesperada me crescia, me tomava por inteiro e eu me aferrava. Jogava o jogo. Suor, apertava os beiços e me atirava. Não queria saber de mais nada. Então, era um relógio, um bárbaro no fogo do jogo, não havia mais taco para mim. E se o jogo era mole eu também me afrouxava.
Tiririca era um sujeito de muito juízo. Mas na velha picardia, eu lhe fui mostrando aos poucos os meus dentes de piranha. E quando o mulato quis embalar o jogo a linha de frente era minha.
Uma e meia no relógio do bar e eu pensei em mamãe. Ali, rodando a mesa, o caixote para aqui, para ali, como as horas voavam!
Começamos, por fim, as partidas de um conto.
Fui ao mictório, urinei, lavei a cara. Lavando aos poucos, molhando as pálpebras, deixando a água escorrer. Pensei com esperança em liquidar logo aquele jogo; mamãe estaria esperando.
Voltei, ajeitei o caixote. A curriola me olhava. Assim, sempre assim, os olhos abotoados na gente, tudo para enervar. Raiva daquele jogo não acabar duma vez. Passei giz americano no taco.
– A saída é minha.
Como aquilo se prolongava e como era dolorido! Ganhei uma, ganhei duas, Tiririca estava danado.
– Vai a dois contos! Se eu perder, paro o jogo. Tiririca parar o jogo? Parava nada, aquele não parava. Perdia as cuecas, perdia os cabelos, mas o jogo não parava.
No entanto, daquela mão, o mineiro já estava quebrado, sem nada, quebradinho. Arriscando os últimos. Vitorino sério, firme, de pé, era muito dinheiro numa partida. E se o jogo virasse?...
A força de Tiririca eram as forras.
Suspirei, alívio, suor frio, luz da esperança. Luz da certeza, que o jogo era meu! Estourei num entusiasmo bruto, que a curriola se espantou. Minha mão se fechou no ar e o indicador quase espetava o peito de Tiririca.
– Vou te quebrar, moço. Vou te roubar depressinha! O mineiro dissimulava a raiva:
– O jogo é jogado...
Puxei o caixote, ajeitei, giz no taco, bastante giz, giz americano, do bom. E saí pela bola cinco!
Uma saída maluca, Vitorino reprovou. Mas o cinco caiu. Vitorino suspirou:
– Que bola!
A curriola se assanhou, cochichos, apostas se dobravam.
Elogiado, embalado, joguei o jogo. Joguei o máximo, na batida em que ia, Tiririca nem teria tempo de jogar, que eu ia fechar o jogo, acabar com as bolas. Ia cantando os pontos:
– Vinte e seis.
A curriola estava boba. O dono do bar parado, na mão um litro vazio de boca para baixo.
Vitorino saltou da cadeira, açambarcou todas as alegrias do salão, virou o dono da festa. Numa agitação de criança, erguia o braço magrelo.
– Este bichinho se chama Meninão do Caixote! Tiririca estatelado, escorava-se ao taco. Batido, batidinho.
Uma súplica nos olhos do malandro, quando a bola era lenta e apenas deslizava mansinha, no pano verde. Tiririca perdia a linha:
– Não cai, morfética!
A bola caía. Eu ia embocando e cantando:
– Setenta e um...
Duas bolas na mesa – o seis e o sete. Dei de olhos na colocação da branca, nas caçapas, nas tabelas, e me atirei. Duas vezes meti o seis e o sete meti duas vezes. Fechei a partida com noventa pontos; foram vinte minutos embocando bolas, um bárbaro, embocando, contando pontos e Tiririca não teve chance. Ali, parado, olhando, o taco na mão.
O jogo acabou. Primeiras discussões em torno da mesa, gabos, trocas de dinheiro.
Vinha chorosa de fazer dó. Mamãe surgindo na cortina verde, vinha miudinha, encolhida, trazendo uma marmita. Não disse uma palavra, me pôs a marmita na mão.
– O seu almoço.
Um frio nas pernas, uma necessidade enorme de me sentar. E uma coisa me crescendo na garganta, crescendo, a boca não agüentava mais, senti que não agüentava. Ninguém no meu lugar agüentaria mais. Ia chorar, não tinha jeito.
– Que é? Que é isso? ô Meninão!
Assim me falavam e ao de leve, por trás, me apertavam os braços. Se foi Vitorino, se foi Tiririca, não sei. Encolhi-me.
O choro já serenado, baixo, sem os soluços. Mas era preciso limpar os olhos para ver as coisas direito. Pensei, um infinito de coisas batucaram na cabeça. As grandes paradas, dois anos de taco, Taquara, Narciso, Zé da Lua, Piauí, Tiririca. .. Tacos, tacos. Todos batidos por mim. E agora, ma¬mãe me trazendo almoço... Eu ganhava aquilo? Um braço me puxou.
— Me deixa.
Falei baixo, mais para mim do que para eles. Não ia mais pegar no taco. Tivessem paciência. Mas agora eu estava jurando por Deus.
Larguei as coisas e fui saindo. Passei a cortina, num passo arrastado. Depois a rua. Mamãe ia lá em cima. Ninguém precisava dizer que aquilo era um domingo... Havia namoros, havia vozes e havia brinquedos na rua, mas eu não olhava. Apertei meu passo, apertei, apertando, chispei. Ia quase hegando.
Nossas mãos se acharam. Nós nos olhamos, não dissemos nada. E fomos subindo a rua.